quinta-feira, 19 de maio de 2011

Google vai à música - iTunes chora?


O texto abaixo foi escrito para uma estudante de jornalismo, para um projeto experimental. Estou reproduzindo aqui ele na íntegra, embora não faça ideia se essa opinião chegou a ser publicada.

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Mal foi apresentado no último dia 10 de maio ao mundo, o Music Beta do Google já virou objeto de desejo. Afinal, trata-se de um serviço que permite colocar até 20 mil músicas em um servidor online, podendo acessá-las em qualquer computador ou dispositivo com o sistema operacional Android. Mas ele vai incomodar a concorrência?

Inicialmente, sim. Diferentemente do restritivo iTunes, o Music Beta permite ampliar o acesso ao seu próprio acervo para além dos limites físicos de memória ou de máquinas. É basicamente o oposto do software da Apple, concebido para uma época em que ainda era raro ter mais de um computador em casa e trazendo uma interface arcaica, com grande consumo de memória.

O problema é que, atualmente, o iTunes só continua a ser utilizado por obrigação: usuários de iPhone, iPod touch e iPad são escravos do programa. E isso expõe uma de suas principais falhas, o gerenciamento burro de arquivos de mídia. Experimente sincronizar seu aparelho iOS em qualquer computador diferente do seu e verá todas as faixas se esvaindo. Há uma necessidade de se estar sempre atrelado ao PC original.

No sentido oposto, o Music Beta é a representação da liberdade. Diferente de sites como Grooveshark, haverá acesso completo ao seu acervo, mesmo por meio de um smartphone ou tablet, com a imensa vantagem de não ser preciso armazenar tudo nos aparelhos. É tudo pela "nuvem", não há mais a incômoda necessidade de conectar um dispositivo ao computador e precisar transferir música via USB, o que geralmente demanda cabos específicos.

Mas não se empolgue ainda, já que há muitos detalhes nebulosos (com perdão do trocadilho). Em breve, o serviço deixará de ser gratuito e poderá haver limite de faixas, espaço físico ou de região. Além disso, o Brasil está de fora e nem há previsão de estreia. 

Enquanto essas questões não se definem, o desafio do Google será convencer a indústria fonográfica de que seu modelo, libertino e cego para a origem das músicas do usuário, é algo rentável. E por esse motivo que o iTunes existe: fechar as janelas, iludindo pessoas ao tentar convencer que é a maneira mais fácil de consumir música. E já não é há muito tempo. Ao menos enquanto a própria Apple não disponibilizar um serviço semelhante, o que vai acontecer muito em breve. Veremos.